Crivella detalha projeto de revitalização da linha férrea de oito bairros do Rio, entre eles Santa Cruz, Campo Grande, Bangu e Padre Miguel
Em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (25/05) no Centro Administrativo São Sebastião (CASS), o prefeito Marcelo Crivella detalhou o acordo de cooperação assinado entre as cidades do Rio de Janeiro e Moscou e apresentou o projeto “Rio Sem Muros”, que prevê a revitalização do entorno da linha férrea de oito bairros: Santa Cruz, Campo Grande, Bangu, Padre Miguel, Madureira, Engenho de Dentro e Méier. A viagem, de acordo com o prefeito, foi um passo importante na atração de investimentos para o Rio de Janeiro.
Antes de expor a proposta carioca, Crivella falou sobre a modernização de Moscou, que nos últimos seis anos recuperou seu centro histórico, instalou uma rede de fibra ótica de sete mil metros (oferecendo um dos serviços de wifi mais velozes da Europa) e 140 mil câmeras de segurança por toda a cidade. A capital, que é responsável por 70% do PIB russo, ganhou ainda autoestradas e está ampliando o metrô, inaugurado em 1935 e que transporta diariamente 9,2 milhões de pessoas. Crivella acrescentou ainda que Moscou está “verticalizando áreas pobres”, programa que a prefeitura do Rio pretende desenvolver em Rio das Pedras e outras comunidades cariocas.
Durante a entrevista, Crivella exibiu o vídeo “Rio Cidade Sem Muros”, que também foi mostrado ao prefeito de Moscou, Sergey Sobyanin, na viagem. Nele, o traçado de reurbanização dos oito bairros é detalhado, esmiuçando como será a recuperação de aproximadamente 850 mil metros quadrados do Rio de Janeiro.
– Cidades como Paris, Nova Iorque e Buenos Aires transformaram áreas degradadas em pontos turísticos, em espaços de lazer e convivência. Muros limitam. Sem eles,
a cidade se integra – disse o prefeito.
A prefeitura vai emitir Cepacs para que a iniciativa privada construa lajes de concreto em cima da linha férrea (de aproximadamente 15 metros de altura). Nelas serão erguidas praças, parques, lojas e prédios comerciais. Cepacs são Certificados do Potencial Adicional de Construção, títulos usados para financiar Operações Urbanas Consorciadas que recuperam áreas degradadas nas cidades.
A primeira parte da obra abrangerá as estações do Maracanã até a Central do Brasil. O prefeito estima em R$ 10 bilhões a arrecadação com a venda dos Cepacs. Esse recurso será aplicado na melhoria da infraestrutura dos bairros.
Em Moscou, o prefeito recebeu um Termo de Intenção de Exploração da área do empresário imobiliário russo Alexey Semenyachenko, que já manifestou desejo de investir no projeto de construções sobre a linha férrea. Semenyachenko virá ao Rio no fim de julho e os técnicos começarão a fazer os estudos de viabilidade do projeto, que está estimado em seis meses. Após essa etapa, inicia-se a licitação para a venda das Cepacs.
Foi assinado ainda um acordo de cooperação bilateral com a prefeitura de Moscou, que prevê o intercâmbio entre as cidades nas principais áreas da administração municipal como saúde, educação, turismo, cultura, transportes, entre outros.
Na abertura da entrevista, o prefeito resumiu suas principais “missões” nestes cinco meses de governo:
– Foram cortados cargos e contingenciadas diversas despesas. Na questão da negociação do endividamento, negociamos com o BNDES e Caixa Econômica Federal. Na parte de aumento de receita, estamos dialogando com a Câmara de Vereadores. E estamos tentando captar recursos externos. Temos que ter economia indutora, que traz recursos de fora para cá. Se tivermos um calendário de turismos, podemos trazer pessoas de outras partes do Brasil e do mundo, estamos trabalhando arduamente.
O prefeito Marcelo Crivella esteve na capital russa de 20 a 24 de maio. A viagem, feita a convite da prefeitura de Moscou, contou com as presenças do secretário de estado de Transporte, Gustavo Goulart; de Sérgio Duarte, vice-presidente da Firjan; e do Embaixador Antonio Fernando Cruz de Mello, coordenador de Relações Internacionais da prefeitura do Rio de Janeiro.