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Foca no Território (‘Focão’ em Bangu): última chamada para oficina de escrita do projeto de R$ 20 milhões
Ao menos mil pessoas (entre artistas e produtores) participaram das oficinas para escrita do projeto para o Foca – Fomento à Cultura Carioca, que vai disponibilizar R$ 20 milhões a mais de 300 propostas por toda a cidade. A última chamada será neste sábado (18), em Bangu, onde uma equipe da Secretaria Municipal de Cultura estará a postos para auxiliar, motivar e qualificar os proponentes no processo de escrita do projeto, incentivando e auxiliando. Batizado de “Focão”, o encontro saideira será no Bangu Atlético Clube (Sede Social: Av. Cônego de Vasconcelos 549), às 10h. Para participar, basta se inscrever no link https://bit.ly/focabangu.
O edital do Foca tem duas linhas de ação, uma delas para descentralizar/democratizar o acesso por territórios O aporte será liberado até dezembro. Inscrições até 22/9, no site bit.ly/editalfoca.
Na primeira linha de incentivo, o objetivo é selecionar e apoiar financeiramente 184 propostas em 12 categorias: teatro, circo, artes visuais, arte antirracista, produções LGBTI+, artes urbana e pública, cultura popular, música, literatura, infância, dança e pesquisa & inovação. Podem participar pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos), Microempreendedores Individuais (MEIs) e pessoas físicas – neste caso exclusivo para a categoria pesquisa & inovação. Os contemplados poderão ser apoiados com, no mínimo, R$ 25 mil e, no máximo, R$ 200 mil, cada.
A segunda linha fomentará as relações entre cultura e território, potencializando a cena artística em regiões populares da cidade. Serão distribuídos R$ 4 milhões a 120 projetos, em duas categorias: favelas da Zona Sul e do Centro (APs 1 e 2 ) e localidades da Zonas Norte e Oeste (APs 3, 4 e 5). Podem participar pessoas físicas ou jurídicas, incluindo MEIs, com residência e atuação cultural nestes territórios há pelo menos um ano. O valor para cada proposta selecionada vai variar entre R$ 25 mil e R$ 50 mil.
O edital terá uma comissão de seleção composta por 60 especialistas. A previsão de repasse do recurso é até dezembro de 2021. Os contemplados terão até um ano para executar e apresentar o projeto.
Até 2024, ao menos a metade do orçamento municipal da cultura será destinado a artistas do subúrbio e das favelas. O anúncio foi feito pela Secretaria Municipal de Cultura, durante oficina na Rocinha, zona Sul do Rio.
Prefeitura volta a investir em fomento cultural
Após quatro anos de estagnação, a cultura carioca voltou a ter investimento. Nos últimos seis meses, além do Foca, com incentivo de R$ 20 milhões, a SMC publicou o edital da lei do ISS (R$ 54 milhões) e outro para apoio a projetos ligados ao carnaval (R$ 3 milhões). Também foi lançado o programa Aprendiz Cultural, que incentiva a formação de jovens na cultura por meio de bolsas. Foram publicados editais de gestão das lonas culturais, das areninhas e da Arena Jovelina Pérola Negra. A SMC publicou ainda edital de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos culturais.
O que os cariocas querem saber do Foca
Qual é a contrapartida? E a prestação de contas? Pode assinatura digital? Quantos projetos por proponente? Estas são algumas das questões mais levantadas pelos interessados no edital, assim como itens como a pré-produção. Para um projeto de dança, por exemplo, pode-se incluir no orçamento a residência artística em parceria com
equipamentos culturais.
– A gente cansou de ver projetos de dança estrear aqui com pessoas que não eram da Rocinha. Queremos ser protagonistas de todo o processo, desde a elaboração até a execução, e não somente ficar na plateia. Nossa cultura é que tem que se fazer conhecida – comentou Ana Lúcia Silva, coordenadora do ponto de cultura Cia Livre de Dança, na Rocinha.
O produtor e coreógrafo Marcos Bandeira, do Grupo Origens, de Santa Teresa, saiu com o projeto rascunhado.
– Tinha dúvidas quanto às linhas do edital, em qual me encaixar, mas agora ficou mais claro. Cheguei sem a menor noção de como realizar e saí com um projeto na cabeça – contou.
– Muito importante ter este pessoal aqui em Santa Cruz para ajudar quem já faz cultura a entender de edital e tocar seus próprios projetos – ressaltou Carla Cristinne, do Ser Cidadão.
– Vem no momento muito necessário, sobretudo porque o setor cultural foi um dos mais castigados na pandemia – disse João Luís Pereira, produtor e articulador territorial de Sepetiba, membro da União Coletiva Pela Zona Oeste (@uczonaoeste). – Em especial os moradores do subúrbio têm mais dificuldade de acessar o poder público.
Projetos coletivos têm mais chance, uma vez que empregam mais gente. -Eu tinha uma outra visão de reunião com jovens, com encontros assim eu percebo mais portas se abrindo. Mais visibilidade – ressaltou a produtora Tatiana Enes, do Instituto Agrega, onde ela coordena um projeto de cover de comunidade.
O mais interessante, para Keila Gomes, que é professora, percussionista, brincante de coco de roda e coordenadora do Baque Mulher ZO (@baquemulherzo), é que o Foca vai descentralizar os recursos.
– Aqui na zona Oeste, a gente faz cultura no peito e na raça, porque a maioria nunca teve a oportunidade nem de entrar num edital – destacou Keila, moradora de Paciência. – Sabendo o que preencher em cada campo fica mais fácil. A gente perde o medo, oficinas assim nunca chegaram aqui.
Quem concorda é Taisa Machado, idealizadora do projeto Afrofunk Rio, da Tijuca. – Foi ótimo ver o esforço para retomar as atividades no universo cultural por meio de edital. Oferecer mais oportunidades independentemente do CEP – concluiu.