Santa Cruz ontem, hoje e sempre

Um passado histórico desconhecido, Santa Cruz conta história para dar e vender, esconde sua rica passagem pela história do Brasil. Quem faz a história não reconhece que dela participou!
Chegando ao Brasil a família Real e Imperial do Brasil, teve como residência o Palácio da Quinta da Boa Vista e a Fazenda de Santa Cruz foi escolhida como casa de veraneio da Família Real, passando a ser o Palácio Real, mais tarde Palácio Imperial (1809 – 1889).
Santa Cruz serviu de berço para a organização instrumental e coral do primeiro Conservatório de Música do Brasil. D. Pedro I abdicou do trono, mas seus filhos continuaram a manter presença na Fazenda Imperial de Santa Cruz, hoje, sede do Batalhão Escola de Engenharia Batalhão Villagran Cabrita. D. Pedro II e as princesas promoviam bailes e saraus no Palácio Imperial constantemente.
D. Pedro aceita assumir o Governo do império Brasileiro aos quinze anos, até então seu tutor, José Bonifácio, havia elegido a Regência Trina Permanente, mas as crises se acumulavam o que  fez seu tutor antecipar sua idade oficial para a coroa de Imperador (18 anos) para (15 anos).
Santa Cruz, por sua posição político, econômica e estratégica, frente para o mar e fundos para os caminhos dos sertões de Minas Gerais, foi uma das primeiras localidades a se beneficiar com o sistema de entrega de cartas em domicilio pelos correios.
Por muito tempo a Fazenda Imperial foi um dos principais polos econômicos com a grande produção de leite, carne, couro etc, abastecendo as demandas do império.
D. Pedro II teve primorosa educação e fez em Santa Cruz, terra tão amada por ele, muitos progressos: inaugurou a estação de trem em 1881, o Matadouro de Santa Cruz o mais moderno do mundo a época que era servido por um ramal da estrada de ferro abastecendo toda a cidade, devido ao gerador que atendia ao matadouro, Santa Cruz foi o primeiro bairro de subúrbio a ter iluminação elétrica, primeiro a ter linha telefônica da América do Sul, entre o Paço de São Cristóvão e o de Santa Cruz e em 1842 foi inaugurada a primeira agência dos correios do Brasil. Em Santa Cruz a princesa Isabel assinou a lei que dava alforria a todos os escravos do Governo Imperial. Santa Cruz foi destaque entre 1809 a 1889 e suas paisagens foram retratadas por viajantes estrangeiros como o pintor francês Jean -Baptiste Debret, entre outros.
O Palacete Princesa Isabel, prédio tombado, hoje abriga o Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro.
A Fazenda Imperial de Santa Cruz a mais desenvolvida da época com milhares de escravos, cabeças de gado, cultivos variados com técnicas avançadas, muitos investimentos feitos, até porque D. Pedro II gostava tanto que por lá ficava por meses.
Santa Cruz foi se transformando. Pacotes foram construídos, estabelecimentos comerciais, ruas… Pouco restou do passado, até porque nada resiste as intempéries do tempo, mas há ruínas que ainda preservam a história.
Depois da Proclamação da República, Santa Cruz perdeu muito do seu prestígio, mas logo atraiu imigrantes estrangeiros que contribuíram muito para o desenvolvimento do bairro. Os árabes e os italianos contribuíram com o comércio local, já os japoneses com o desenvolvimento da agricultura. A produção era tão boa que abastecia toda a cidade do Rio de Janeiro.
Nos meados do século XX a Zona Industrial foi inaugurada. Nela estão os três importantes distritos industriais de Santa Cruz, Paciência e Palmares onde se encontram a Casa da Moeda, Cosigua (Grupo Gerdau), Vale Sul, White Martins, Glasurit e a Usina de Santa Cruz, uma das maiores termelétricas a óleo combustível da América Latina, Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA).
Santa Cruz é um bairro de classe média, média baixa e baixa. Há muitas favelas, pobreza, e a enorme falta de vontade política contribui para a não melhoria do bairro que sofre com a falta de saneamento. Não há hospitais suficientes para atender a população de renda baixa.
A força do poder dos traficantes domina a maioria das favelas. Quando há troca de tiros entre facções rivais ou algum bandido e morto as escolas são obrigadas a suspender as aulas. A ação das milícias responsáveis pelo transporte alternativo, exploração de serviços ilegais de eletricidade, gas e televisão a cabo aumenta a violência pelo poder. Como já disse: não há vontade política mas nas eleições é aqui o reduto dos votos. Todos aparecem prometendo o que jamais irão cumprir.
Santa Cruz faz parte da história do Brasil, há diversos pontos turísticos que deveriam ser explorados, até mesmo pelos alunos de nossas escolas que ao vivo compreenderiam, sem livros, um pouco de sua descendência.
Alguns pontos turísticos: o Hangar do Zeppelin, a Ponte dos Jesuítas, Monumento do Aviador de caça, Batalhão Escola de Engenharia Villagran Cabrita, Palacete Princesa Isabel, Março onze, Ruínas do Matadouro etc.

Nota: O Colégio Estadual Walter Heiner , primeira escola sustentável da América Latina, foi inaugurada no anime 2011 em Santa Cruz.
Margot Carvalho

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Postado em _Destaque, Colunistas